Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via. Estranhou que ele viesse acompanhado por um cão. Cão forte, saltitante e com um ar agressivo. Abriu a porta e cumprimentou o amigo, efusivamente.
- Quanto tempo!
- Quanto tempo! - ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e adentrou a casa. Logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa encompridou as orelhas. O amigo visitante, porém, nada.
- A última vez que nos vimos foi em...
O cão passou pela sala, entrou no quarto e novo barulho, desta vez de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante.
- E Fulano? Ficou sabendo que ele morreu mês passado? Você se lembra dele?
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou a marca digital e indelével de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.
Por fim, o visitante se despediu e já ia saindo quando o dono da casa perguntou:
- Não vai levar seu cão?
- Cão? Ah... o cão! Agora estou entendendo. Não é meu não. Quando eu entrei ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu.
"Eu tenho certeza que fulano fez aquilo de propósito". "Ah... tenho certeza que isso é culpa do Sicrano". E assim as pessoas apontam os dedos como se empunhassem uma espada e uma balança que lhes dá a certeza, de olhos vendados, de que o que estão dizendo está coberto de justiça.
Ao pré-julgar alguém ou simplesmente pressupor todo o cenário de um acontecimento como se fosse uma novela mexicana, crie o hábito saudável de, antes, respirar! Com calma, analise cada ponto, perceba as intenções dos envolvidos, tente descobrir o que os motivou a fazer daquela forma e, mais que isso: lembre-se que cada um pensa de um jeito e, provavelmente, é diferente de como você pensa.
Segundo diversos filósofos, para uma orientação cognitiva de um indivíduo, a pressuposição é necessária para que algum valor faça sentido na existência. Mas, para uma vida mais pragmática, pergunto: será que tudo necessita de explicação?
Vamos estabelecer limites maiores de "erros" ou "desvios" e permitir que as pessoas possam ser mais livres em suas atitudes e pensamentos?
Então, antes de julgar, pressupor ou fazer conjecturas, que tal aplicar a tese de que todos são isentos de culpa até que se prove o contrário? E nem procure provas. Perdoe antes. É mais leve, é mais saudável.
E, assim, nós conseguimos viver mais a nossa própria vida, sem ficar nos preocupando com os porquês de alguém ter feito isso ou aquilo.
Na prática: cuide da sua vida e deixe que a dos outros seja cuidada por eles.
Abraços inspiradores, beijos sem julgamentos!
Tenha um excelente (e leve) feriadão!
Marcio Zeppelini
"Não procure provas. Perdoe antes. É mais leve, é mais saudável."
Marcio Zeppelini